HONTZA v3.5 é uma plataforma de código aberto e licença GPL que pretende democratizar a prática da Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva nas organizações através de Internet. De download gratuito, pretende ser um Serviço de Inteligência Competitiva e Estratégica on-line, capaz de automatizar o processo e fomentar o trabalho colaborativo em equipa.
Falamos com Juan Carlos Vergara (@jcvergar), sócio diretor de CDE – Inteligência Competitiva SL., e especialista em Sistemas de Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva (VTIC) para todo o tipo de organizações. Desde 2005 faz parte do Grupo de Trabalho de AENOR que criou a Norma de Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva e, atualmente, é responsável de HONTZA , um software criado para transformar as regras do jogo dos serviços de VTIC.
P: O que é HONTZA?
R: HONTZA é uma plataforma em código aberto que automatiza o processo da Inteligência Competitiva e Estratégica e se articula através de grupos colaborativos. Entre as suas características, isto supõe estar ante uma
plataforma:
- Gratuita e de fácil download através de seu domínio, http://www.hontza.es.
- O código pode modificar-se.
- Está desenhado para que a usem grupos de utentes e não utentes individualmente.
- Pode funcionar através de um servidor site com um domínio ou um computador com Windows dando serviço a uma intranet.
- É totalmente compatível com a norma UNE 166006:2011 sobre vigilância tecnológica e inteligência competitiva.
P: Como surge a ideia de empreender este projeto empresarial?
R: Na atualidade, com um software de vigilância tecnológica e inteligência competitiva em código fechado, o utente é um “sofredor”, já que na maioria dos casos está obrigado a pagar licenças, tem escassas opções para personalizar o software e não pode modificar o código para introduzir as melhoras que precisa. E dois utentes que trabalhem com duas instalações diferentes nunca poderão colaborar, o que converte ao utente num dependente total do fabricante do software, dificultando qualquer modificação que precise.
Por isso, os tempos atuais reclamam uma mudança para os utentes que o desejem e possam ter um verdadeiro protagonismo na construção do software, adotando possibilidades para tomar parte ativa no processo, inclusive colaborando entre eles, compartilhando recursos, etc. E com esta filosofia criamos HONTZA.
P: Quem fez possível este projeto empresarial?
R: Este projeto, tal como está configurado nestes momentos, o temos na cabeça desde há muito tempo (ano 2000) e podemos dizer que se foi cristalizando após três projetos de desenvolvimento. Os projetos têm sido solicitados por associações empresariais do País Basco (Espanha), às quais lhes agradecemos o esforço, que são a Associação Vizcaína de Empresas Químicas (AVEQ) e a Associação de Empresários de Gipuzkoa (ADEGI), e financiados pela Sociedade para a transformação competitiva, do Governo Basco (SPRI).
Os desenvolvimentos são realizados por duas empresas especialistas em software em código aberto (Drupal e php), em concreto INVESTIC e KAM, com quem seguimos colaborando estreitamente para melhorar o sistema.
Com todos eles chegamos ao resultado atual, que é quando HONTZA começa a mostrar o seu verdadeiro potencial para transformar os serviços de Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva. Desde a publicação da versão 3 (agora estamos na v3.5) conseguimos que HONTZA seja um software totalmente operativo que está a ser instalado em muitas empresas, universidades, centros tecnológicos, clúster, etc.
P: Qual é o alcance que se projeta para HONTZA?
R: HONTZA é muito adaptável aos objetivos de quem decide instalá-lo. Assim, pode servir para montar um Sistema de Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva orientado ao uso particular de um grupo de investigação; ou pode instalar-se para dar serviço a empresas ou a grupos de investigação associados (por exemplo, em Centros Tecnológicos, em Fundações Universidade-Empresa, em Associações sectoriais, etc.).
Ademais, HONTZA também permite ser instalado em universidades com fins educativos e no âmbito da Gestão da Inovação e da Gestão estratégica da empresa.
P: Como funciona o software atual?
R: HONTZA permite que um Grupo de pessoas que compartilhem um Repto estratégico comum possam vigiar em tempo real o seu meio competitivo, possa colaborar e gerar, de modo ágil e sistémico em projectos de alta qualidade, alinhados com a estratégia, compatíveis com o meio e priorizados.
Fonte: www.hontza.es
Dito de um modo simples, HONTZA ajuda a uma organização a gerar sistematicamente projetos inovadores sem gastar dinheiro e garantindo o máximo impacto.
Para isso, HONTZA automatiza o processo da vigilância tecnológica e a inteligência competitiva. O que implica estruturar toda a corrente de valor, nesta ordem:
- A estratégia do Repto (sub-reptos, decisões, necessidades de informação)
- A gestão das fontes de informação de maior valor para o Repto.
- A exploração das fontes criando canais para monitorizar o meio competitivo.
- O filtrado em grupo de carácter colaborativo.
- A gestão dos debates para chegar a conclusões comuns sobre o que nos preocupa.
- A gestão de wikis para construir documentos colaborativos com o que todo o grupo fica a saber.
- A geração de ideias, oportunidades e projetos como resposta ao meio.
P: Quem pode participar nestes Grupos Colaborativos e o que é que têm que fazer?
R: Nos Grupos colaborativos podem participar os gestores ou líderes, os especialistas em diferentes áreas do conhecimento, as pessoas que estão em contacto permanente com os contactos chave (clientes, etc.), os que filtram certas informações, etc.
No serviço Hontza On-line estamos a criar um Marketplace de Facilitadores. São especialistas (freelance ou que prestam os seus serviços em associações, fundações universidade-empresa, etc.) cuja missão é ajudar aos grupos quando estes tenham dificuldades. Somar-se ao Marketplace é fácil, só há que se subscrever no seguinte link: http://www.hontza.es/hontza3/user/register?user_type=facilitadores. Obviamente, os facilitadores cobrarão pelos seus serviços a não ser que o grupo esteja associado à sua organização.
Os Consultores em Inteligência Competitiva também se podem aproveitar de HONTZA , por exemplo, assessorando à empresa ou grupo a instalar o software e ajudando a estes a focar e estruturar os seus conteúdos. Também estarão reconhecidos na plataforma, têm que se subscrever como Consultores Hontza no seguinte link: http://www.hontza.es/hontza3/user/register?user_type=consultores_en_inteligencia_competitiva
P: Agora estão imersos no lançamento da última versão de HONTZA, que atividades vão promover para isso?
R: Nos últimos meses estamos imersos no lançamento da última versão de HONTZA, uma atividade especialmente atraente tem sido a participação o passado 11 de Julho na última edição do Innobasque Exchange, no Parque Tecnológico de Bizkaia (Espanha). Trata-se de uma iniciativa criada para estimular a colaboração na pesquisa de partners entre as entidades sócias de Innobasque. Como resultado, estamos em conversa com duas entidades para um novo projeto de colaboração.
Fonte: Innobasque
De modo geral, estamos a dar a conhecer HONTZA tanto a empresas como a associações, cluster, universidades e todo o tipo de organizações. Em caso de interesse e em função da distância e do objetivo concreto, podemos fazer uma visita, aproveitar alguma jornada especializada ou bem simplesmente falar mediante videoconferência utilizando Skype.
Podemos mostrar os casos ou projetos que já estão em marcha ou bem situar num palco concreto para explicar como se pode utilizar HONTZA e como poderíamos colaborar em dito palco concreto.
P: Na sua opinião, que possibilidades abre a Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva (VTIC) para as Instituições e empresas?
R: A VTIC é o processo chave para gerar sistematicamente projetos de inovação de alto impacto na estratégia de uma organização. A VTIC é um processo básico, obrigado de executar, mas se não se estrutura, não se definem os objetivos, os responsáveis, as fontes, a frequência, o tratamento, etc., então este processo fica num segundo plano e não se executa de modo sistémico. A consequência é a geração de projetos de baixa qualidade, que não contribuem nem com novidade nem relevância, como consequência há um importante gasto de tempo e dinheiro.
A VTIC é comparável com os sistemas de qualidade na fabricação de produtos. Um bom sistema de qualidade evita os custos da não qualidade (muito altos) por rejeições, material sobrante, falta de ordem e limpeza, etc.
Pois bem, em organizações cujo objetivo é gerar inovações, a VTIC é o processo chave para melhorar o impacto estratégico de ditos projetos. Ademais um bom processo de VTIC ajuda a identificar e gerir melhor aos potenciais sócios, com o que aumentam e melhoram as relações com o meio, se geram redes de colaboração, etc.
Em resumem, a VTIC é a porta à excelência nas instituições de investigação. Nas empresas é a chave para a sobrevivência num meio cada vez mais complicado e cambiante.
P: Neste sentido, podemos resumir que HONTZA contribui para melhorar a tarefa de vigiar o meio e orientar a tomada de decisões estratégicas?
R: HONTZA, como dizia ao princípio, se situa no palco de um Grupo com um Repto. O seu objetivo é a geração de projetos de alta qualidade, que deem resposta ao repto existente e que sejam compatíveis com o meio competitivo. Em organizações complexas, com muitas pessoas em contacto com o exterior, viajando, lendo e pensando, desempenhando o seu trabalho num meio de mudança acelerada, a construção de projetos de melhora é um trabalho complexo que só se pode realizar bem colaborando e coordenando a equipa humana. Isto implica dispor de software capazes de adaptar a nossas necessidades. E esta é a filosofia de HONTZA , ajudar a:
- Organizar-se em grupos de trabalho e a cada Grupo comprometido com um Repto.
- Colaborar para identificar e monitorizar as fontes de informação chave.
- Filtrar sistematicamente o melhor que vai ocorrendo, compartilhar com os outros.
- Debater quais seriam as opções de interesse para o grupo.
- Finalmente, criar e construir projetos de alto impacto, também de modo colaborativo.
P: Para finalizar, que reptos de futuro tem no horizonte a plataforma HONTZA?
R: Para a equipa o nosso principal repto é a REDE Hontza, um projeto que já temos em marcha.
Esta rede está formada por todas as instalações de Hontza que desejem aderir à mesma e as suas bases são de carácter colaborativo. Premeia-se a quem mais recursos compartilha e àquele cujos recursos mais valorizam os seus sócios.
Queremos que a REDE Hontza possa ajudar a revolucionar o palco do “dia depois” de instalar um Sistema de Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva (VTIC). A ideia é conseguir que a manutenção de um Sistema de VTIC possa ser, se assim o desejamos, algo colaborativo, que exija o menor esforço possível.
Nesta rede vão poder-se compartilhar vários recursos, entre eles: fontes de informação e facilitadores.
Gostaria de animar a que todas as organizações relacionadas com o Observatório (OVTT) façam download e instalem HONTZA, implementem o processo da VTIC e se aproveitem dos seus benefícios. Também animo a que todas as pessoas que desejem colaborar com HONTZA, como facilitadores ou como consultores, preencham a ficha correspondente. É outro modo de colaborar para que este processo se divulgue e se implante de um modo viável.
Por último, quero comentar que o OVTT é um magnífico sócio para HONTZA, com quem temos assinado um acordo de colaboração e estamos seguros de que vai ser positivo para todos. Parece-me de justiça agradecer o seu trabalho de promoção da Vigilância Tecnológica e Inteligência Competitiva (VTIC) em Ibero-américa. Entendemos que ainda estamos bem longe da perfeição e pensamos que as ações de difusão e de colaboração da VTIC são fundamentais no caminho de melhora.
Mais informação: HONTZA