A inovação é a aplicação comercial de uma ideia ou invenção e a sua gestão resulta essencial para enfrentar a transformação digital nos organismos, empresas e negócios. Nesta guia para a gestão da inovação encontrará recomendações sobre os principais conceitos para a implantação de uma estratégia de inovação.
Categorias de inovação
A inovação já não é uma opção, mas sim um motor de competitividade imprescindível, onde a sua implementação efetiva depende de diversos fatores. Primeiro, é fundamental decidir a categoria de inovação que se implementa na organização, visto que a inovação não é só tecnológica nem está baseada unicamente em ideias disruptivas.
O Manual de Oslo (2018), por exemplo, amplia a definição de inovação segundo o âmbito de aplicação para referir-se a:
- Inovação como processo: promove o desenvolvimento de atividades de I&D na organização, incluindo todas as etapas, gestões e questões financeiras e comerciais.
- Inovação como resultado: impulsa um produto, serviço ou processo melhorado, que difere significativamente do anterior conhecido.
Por outro lado, as inovações dependem da sua origem: podem estar impulsionadas pela ciência com modelos technology-push ou responder a necessidades do mercado com modelos market-pull, bem como podem desenvolver-se no meio fechado da organização sob modelos closed-innovation ou também abrir-se à inovação aberta com modelos de open-innovation. Estas questões determinam o modelo de gestão da inovação que guiará a implantação com sucesso na organização. Na instituição (empresa, grupo de investigação ou centro tecnológico, etc.) é crucial formalizar uma cultura da inovação para que esta se converta, verdadeiramente numa fonte de vantagens competitivas para a instituição ou empresa.
Etapas da gestão da inovação
A gestão da inovação como processo estratégico abarca desde a geração da ideia inovadora até à implementação e posta em valor, requerendo metodologias e sistemas cada vez mais ágeis, flexíveis e especializadas.
De facto, igual que nos planos de empresa, as metodologias e ferramentas de gestão da inovação estão em plena transformação para adaptar-se ao ritmo e complexidade que impõe o contexto tecnológico. Existem variadas propostas de gestão. As principais etapas de gestão da inovação podem caracterizar-se por:
- Ideia: dedicada à aplicação de técnicas de criatividade e instrumentos para detetar, avaliar e desenvolver oportunidades de inovação que podem também vir de ofertas e necessidades tecnológicas.
- Estratégia: centrada no desenho de um plano estratégico que ajude a dimensionar a gestão que implicará o desenvolvimento da ideia inovadora, com instrumentos úteis como o diagrama de fluxo da inovação ou os roadmapping tecnológicos.
- Financiamento: antes de avançar resulta fundamental identificar potenciais oportunidades de financiamento e cooperação tecnológica que ajudem a aumentar os recursos e o alcance do projeto inovador.
- Desenvolvimento: focado ao desenho da proposta de valor que formaliza a ideia inicial, com ajuda de ferramentas ágeis de gestão como o design thinking.
- Exploração: desde as atividades necessárias para o lançamento até à implementação de indicadores para a medida, rastreamento e avaliação de resultados.
Nestas fases o apoio das técnicas de inteligência tecnológica para guiar uma tomada de decisões informada resulta essencial. Por exemplo, é vital para contrastar informação, reduzir riscos, poupar esforços e procurar aliados estratégicos que favoreçam o alcance e sucesso da ideia inovadora.
No #MoocVT encontrará recursos de aprendizagem e exercícios para a vigilância tecnológica e inteligência competitiva que são aliados importantes na estratégia de inovação.
Instrumentos para uma gestão ágil da inovação
O método de gestão da inovação convencional está em transformação, porque o atual contexto tecnológico limita os ciclos de vida dos produtos e exige respostas mais rápidas às organizações para sobreviver no mercado. As ferramentas mais efetivas para uma gestão ágil da inovação estão em constante evolução e combinam muitas metodologias, estratégias e técnicas de aplicação, inclusive os Modelos Canvas. Também, cada vez são mais os recursos disponíveis em aberto como:
- Catálogo aberto para a inovação de Board of Innovation.
- Toolkit para impulsionar a inovação social.
- Toolkit para a inovação aberta.
Proteger ideias inovadoras para gerar ativos intangíveis de negócio
A propriedade intelectual e industrial converteu-se no principal mecanismo para rentabilizar o investimento das atividades de inovação e projetos de I&D. Por isso, garantir uma proteção do conhecimento a tempo é essencial para gerar ativos intangíveis na empresa ou organização. Estes resultam decisivos para as operações de negócio e, além disso, são uma fonte de informação estratégica para aproveitar o valor da inteligência tecnológica nas estratégias de inovação.
Localizar oportunidades de financiamento para iniciativas inovadoras e projetos de I&D
Estar atualizado sobre novas oportunidades de financiamento em I&D resulta imprescindível para fazer realidade as estratégias e planos de inovação das empresas e organizações. Para isso, a vigilância e a inteligência são ferramentas estratégicas para captar a tempo essas oportunidades de financiamento em inovação. Existem muitas tipologias de financiamento de atividades de ciência, tecnologia e inovação que vão desde os fundos públicos a iniciativas privadas e especializadas por setores. Cada país conta com uma grande heterogeneidade de convocações para pesquisadores, empreendedores e empresas.
Além dos pesquisadores especializados para financiamento e contratação, é fundamental conhecer quais são os principais organismos de financiamento na cada sistema nacional de ciência, tecnologia e inovação para monitorizar as novidades e lançamentos de convocações. Os mais relevantes para a Ibero-américa são:
- Argentina: Oportunidades de financiamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
- Brasil: Oportunidades de financiamento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações.
- Chile: Oportunidades de financiamento da Agência Nacional de Investigação e Desenvolvimento.
- Colômbia: Oportunidades de financiamento do Ministério de Ciência.
- Costa Rica: Oportunidades de financiamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Telecomunicações.
- Equador: Oportunidades de financiamento da Secretaria de Educação Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação.
- El Salvador: Oportunidades de financiamento da Direção de Inovação e Qualidade do Ministério de Economia.
- Espanha: Oportunidades de financiamento dos Ministérios de Ciência, Inovação e Universidades.
- Guatemala: Oportunidades de financiamento da Secretária Nacional de Ciência e Tecnologia.
- Jamaica: Oportunidades de financiamento da Comissão Nacional de Ciência e Tecnologia.
- México: Oportunidades de financiamento do CONACYT.
- Nicarágua: Oportunidades de financiamento do CONICYT.
- Panamá: Oportunidades de financiamento da SENACYT.
- Paraguai: Oportunidades de financiamento do CONACYT.
- Peru: Oportunidades de financiamento do CONCYTEC.
- Portugal: Oportunidades de financiamento do Ministério de Ciência, Tecnologia e Educação Superior.
- Uruguai: Oportunidades de financiamento da ANII.
Para antecipar-se ao lançamento destas convocações, é recomendável indagar os actores que configuram o ecossistema de inovação da cada país assim como os programas de financiamento previstos nos planos nacionais de ciência e tecnologia.
Oportunidades de cooperação tecnológica para impulsionar a internacionalização da I&D
A cooperação tecnológica é imprescindível para as organizações e empresas que precisam inovar, porque enfrentar as despesas dum projeto individualmente é cada vez mais complexo. Além disso, a cooperação tecnológica converte-se num instrumento estratégico para a internacionalização dos negócios desde a I&D, permitindo às empresas reforçar as capacidades tecnológicas ampliando o seu impacto nos mercados globais. Os instrumentos de financiamento que apoiam a cooperação tecnológica nacional e internacional são muitos e variados destacando, também os programas dirigidos a financiar a cooperação tecnológica multinacional entre países de Europa e América Latina. As modalidades de cooperação tecnológica mais relevantes são:
- Cooperação bilateral: acordos ou convénios internacionais desenhados para fortalecer a colaboração na I&D entre participantes de dois países.
- Cooperação multilateral: acordos ou convénios internacionais promovidos por organismos internacionais para potenciar a colaboração em I&D entre participantes de diferentes países, por exemplo:
Entre os programas de cooperação tecnológica multilateral mais relevantes para a Ibero-américa destacam:
Para garantir uma cooperação tecnológica de sucesso resulta fundamental desenhar uma estratégia de propriedade intelectual e industrial eficaz. Com este objetivo, projetos como Latin America IPR SME Helpdesk oferecem um serviço gratuito, especializado e confidencial a empresas interessadas na internacionalização na América Latina.