O Programa FRIDA é uma iniciativa de LACNIC, o Fundo Regional para a Inovação Digital na América Latina e Caraíbas, dedicado a contribuir ao desenvolvimento da sociedade da informação na região, através do financiamento de projetos de investigação e o reconhecimento de iniciativas inovadoras no uso das TICs para o Desenvolvimento.
Falamos com Lara Robledo, responsável de cooperação institucional para conhecer o Programa.
P: Em que contexto nasce esta iniciativa e qual é a principal necessidade social à que pretende dar resposta?
R: O Programa FRIDA surge em 2003 como resultado de uma coincidência de interesses e preocupações compartilhadas. Por um lado, o Fundo Regional para a Inovação Digital na América Latina e Caraíbas (LACNIC) tinha a preocupação da falta de investigação, a falta de gente capaz de desenvolver investigação, de temáticas e de redes e Internet. Como organização, que surge de um processo coletivo para trabalhar desde e para a América Latina e Caraíbas, nos interessava implementar iniciativas que apoiassem o desenvolvimento da região na incorporação de lnternet e as TICs nas diferentes esferas da sociedade. Por outra parte, o International Development Research Centre (IDRC), uma organização do governo de Canadá com uma grande trajetória de apoio à investigação para o Desenvolvimento, estava também trabalhando essas novas temáticas para um projeto regional na América Latina e Caraíbas. Contando com eles, existia também uma experiência prévia em Ásia e que servia, de algum modo, como modelo de referência para a criação de FRIDA.
P: Quais são seus objetivos?
R: O Programa FRIDA é uma iniciativa dirigida a fortalecer a capacidade para desenvolver e aplicar inovação na utilização das novas tecnologias para o desenvolvimento na América Latina e Caraíbas. Pretende ser um dinamizador para que os excelentes recursos humanos que existem possam aplicar a sua criatividade na utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) para a resolução de problemas de natureza diversa e que apoiem o desenvolvimento das nossas sociedades a todo o nível, e em particular a criação de capacidades para a geração de investigação e inovação no campo das TICs.
P: Que organizações e membros integram o programa FRIDA?
R: Como mencionamos, FRIDA é uma iniciativa de LACNIC, organismo encarregado do Registo de Direções de Internet para América Latina e Caraíbas e uma das entidades que contribuem ao nosso programa com fundos. O nosso programa conta com os seguintes sócios: IDRC de Canadá, que tem estado desde o princípio e tem contribuído com recursos e apoio permanente para a melhor execução das atividades do Programa; e a Internet Society (ISOC), que também tem sido parte desde o começo e é um dos três sócios estáveis do programa.
Recentemente, temos uma aliança global com os nossos colegas das regiões de África, FIRE/AFRINIC e Ásia Pacífico, ISIF/APNIC, para fortalecer e trocar experiências. A esta aliança que tem o nome de Seed Alliance, somou-se também em 2012 a Agência de Cooperação Sueca (AIDS).
Fonte: Equipa Seed Alliance (Programa FRIDA)
P: Em que consiste o Programa FRIDA?
R: Nos primeiros anos (2004-2009) o Programa FRIDA dispunha de pequenas doações (small grants) para projectos de inovação de um ou dois anos de duração. O trabalho consistia em realizar uma ampla convocação a projetos, avaliação, seleção e o monitoramento da execução dos projetos selecionados. Nisto levamos entregados algo mais de um milhão de dólares em mais de 60 projetos de 15 países de toda a região. No site do projeto podem conhecer as iniciativas que foram financiadas.
A partir de 2010 criámos o Prémio FRIDA, onde já não se tratava de contribuir com fundos para novas investigações, senão de reconhecer e dar visibilidade a iniciativas de sucesso na aplicação das TICs. Com o Prémio FRIDA em 3 anos de aplicação já se reconheceram 23 iniciativas, os quais também se podem consultar no site. Neste ano de 2013 incorporamos novas modalidades de participação transformando estes Prémios em Prémios+, para procurar não só reconhecer os projetos de sucesso, senão também entregar a quem apresente propostas, fundos adicionais para o aprofundamento das suas atividades. Atualmente, a convocação está aberta.
Fonte: Prêmios+ (Programa Frida)
Também desenvolvemos algumas ações de capacitação orientadas a fortalecer a qualidade das propostas de investigação bem como a melhorar o seu impacto em termos de comunicação. E por último, se vão abrir convocações a subvenções nos próximos meses e a escalamento de projetos.
P: Que tipo de públicos podem participar nas vossas atividades e beneficiar do potencial social deste programa?
R: O Programa FRIDA está orientado a pesquisadores ou grupos de investigação que estejam incertos em entidades académicas, governamentais, empresas privadas ou organizações da sociedade civil, e desenvolvam investigação no campo das TICs. A modalidade de Prémios também abre o espectro a comunidade de práticas e implementadores de projetos. As entidades participantes são, por tanto, de muito diversa natureza, o requisito em todos os casos é que tem de se refletir o interesse por inovar e compartilhar as experiências desenvolvidas.
P: Quais são os principais valores que orientam este interesse?
R: Os valores que orientam o Programa FRIDA são os mesmos que os que orientam a LACNIC , a organização mãe. LACNIC é uma organização regional sem fins de lucro, com mais de 3.000 sócios em toda a região, surgida há 10 anos com o fim de contribuir valor à região, desenvolvendo mais e melhores serviços desde a região. Trabalhamos articulando e colaborando com todos os atores, gerando novos projetos ou apoiando iniciativas valiosas existentes, sempre com a preocupação de contribuir efetivamente ao desenvolvimento económico, social e cultural de América Latina e Caraíbas.
Fonte: LANIC
P: Das actividades que vocês desenvolvem, quais se destacam como muito relevantes?
R: As acções mais importantes que desenvolvemos desde o Programa FRIDA são as que se orientam a poder facilitar espaços e contribuir ao desenvolvimento da sociedade da informação na região. Em todos estes anos têm tido projetos muito destacados. Por mencionar um, em 2009 se financiou por segunda vez um projeto orientado à implementação da robótica na educação para contextos socioeconómicos desfavorecidos, promovido pela Fundação Omar Dengo de Costa Rica. Como disse, os projetos e os seus relatórios podem consultar-se aqui: http://programafrida.net/grants_pastfunded
P: Que possibilidades de desenvolvimento actual considerem que têm as TIC para fomentar o desenvolvimento nas regiões de América Latina e Caraíbas?
R: A realidade e problemas que o Programa FRIDA tenta resolver, como a falta de financiamento para investigação, ou inclusive da experiência na incorporação e uso das TICs, nos encontramos num palco totalmente diferente. As economias da região fortaleceram-se e a utilização das TICs já não é uma promessa senão uma realidade concreta. Obviamente essa descrição geral não deve ignorar as diferenças entre países e regiões dentro de um mesmo país. Existem grandes diferenças que devem ser reduzidas. É por isso que o foco atual se moveu para o reconhecimento de iniciativas (fazer conhecer o ativo regional) e a replicação, promovendo a aplicação dessas iniciativas de sucesso a outras sub-regiões e contextos. Neste caminho há muito que percorrer, o fortalecimento das redes e a colaboração horizontal.
P: Que reflexões sobre os reptos presentes e futuros que resultam do vosso trabalho.
R: Hoje o Programa FRIDA, como parte da Seed Alliance, procura adaptar-se à nova realidade, contribuindo com soluções e instrumentos apropriados que sigam após oito anos contribuindo a fortalecer as capacidades e a inovação na Região.
Mais informação: Programa FRIDA