A criação de empresas de base tecnológica, também conhecidas como EBTs, Spin-offs ou start-ups, converteu-se num dos principais modos de transferência de tecnologia para levar a investigação ao mercado e representa uma fonte de informação estratégica importante para a inteligência tecnológica.
Nesta guia prática de criação de empresas tecnológicas se encontram as principais chaves e passos para a criação destas empresas:
Tipos de Empresas de base Tecnológica
As empresas tecnológicas podem ser de vários tipos segundo a sua procedência:
- Spin-offs científicas: são um mecanismo habitual nas universidades e centros de investigação para transferir conhecimento científico à sociedade e estão sujeitas a um quadro legislativo y regulamentos em constante mudança.
- Start-ups empresariais: são aquelas empresas intensivas em conhecimento e criadas desde o meio produtivo para explorar novas tecnologias, produtos, processos ou serviços no mercado de uma maneira mais ágil, inovadora e independente.
Quadro regulamentar
As EBTs ou spin-offs científicas estão sujeitas à legislação nacional que condiciona o seu processo de criação. Principalmente nas questões como a participação do pessoal investigador no capital social e órgãos de governo da empresa, a dedicação e a relação de transferência tecnológica com a universidade ou centro de investigação de procedência.
Cada universidade ou centro de investigação deve ter um regulamento interno próprio para a regulação destas empresas tecnológicas desde a sua criação, aprovação e lançamento como negócios tecnológicos. Um exemplo pode ser o da Universidade de Alicante.
Para ilustrar esta questão, podem ser exemplos os quadros regulamentares que se utilizam em Espanha:
- Ley Orgánica 6/2001, de 21 de diciembre, de Universidades (LOU).
- Ley Orgánica 4/2007, de 12 de abril, por la que se modifica la anterior (LOMLOU).
- Ley 53/1984, de 26 de diciembre, de Incompatibilidades del Personal al Servicio de las Administraciones Públicas.
- Ley 2/2011, de 4 de marzo, de Economía Sostenible.
- Ley 14/2011, de 6 de junio, de la Ciencia, la Tecnología y la Innovación.
Requisitos
Quando se lançam esta categoria de empresas tecnológicas existem uma série de requisitos indispensáveis que marcam o processo de criação tanto de spin-offs como start-ups, como são:
- Dominar a tecnologia com potencial comercial, suficientemente madura (TRL altos) e com oportunidades de negócio no mercado contrastado.
- Assumir a liderança do projeto empreendedor e formar uma equipa promotora competitiva, comprometida e o mais multidisciplinar possível para combinar o desenvolvimento tecnológico com a gestão empresarial. Este é um fator estratégico para os investidores.
- Desenvolver um modelo de negócio novo ou competitivo e factível a partir do produto ou serviço sobre o que se sustenta a ideia de negócio.
- Proteger eficientemente o conhecimento científico como fonte de vantagens competitivas e ativos intangíveis.
- Desenvolver uma estratégia comercial inovadora, sólida para aceder ao mercado.
- Desenvolver uma estratégia de networking paralela para a integração da futura empresa no ecossistema de inovação.
Estes fatores estratégicos fazem parte das etapas do processo de criação de uma empresa de base tecnológica, cujo desenvolvimento requer um intenso esforço de inteligência estratégica para conhecer o mercado, os atores fundamentais e as possibilidades de negócio no horizonte. Também a maior parte de universidades e instituições de investigação contam com unidades de apoio à criação de empresas tecnológicas, como é o caso do Programa UA: Empreende da Universidade de Alicante em Espanha.
Instrumentos para o Plano de Empresa
O plano de empresa convencional para a criação de empresas tecnológicas deve estar sempre em transformação, porque a globalização do conhecimento científico gera um meio cada vez mais complexo, cambiante e volátil. O que obriga a aplicar metodologias e ferramentas cada vez mais ágeis e flexíveis que permitam desenhar propostas de negócio com garantias de sobrevivência e sustentabilidade.
Como sugere a “Guia de criação de empresas de base tecnológica desde os centros de investigação” de RedOtri (2017), os instrumentos para a criação de empresas complementares mais comuns são:
- Modelos de negócio
- Modelos Canvas
- Desenvolvimento de clientes
- Estratégias de financiamento
- Alianças estratégicas e partnerships
A inteligência tecnológica representa uma ferramenta estratégica para os empreendedores, com a qual podem obter informação fiável e contrastada. No #MoocVT há uma variedade de exemplos e exercícios como o Modelo Canvas de vigilância tecnológica.
Financiamento de empresas
A procura de financiamento representa uma questão crucial nas diferentes etapas do ciclo de vida de uma empresa tecnológica. É vital desenhar uma estratégia de financiamento desde o lançamento do negócio, assim como participar em rodadas de negócio para conseguir capital.
As fontes de financiamento para empreendedores estruturam-se segundo o ciclo de vida da start-up, atendendo às etapa de crescimento. Cada fase do desenvolvimento do negócio implica umas problemáticas concretas com requerimentos económicos diferentes.
Os instrumentos de financiamento mais comuns nas primeiras etapas de uma start-up concentram-se no financiamento necessário para dar forma à ideia de negócio, como, por exemplo:
- Contribuições dos promotores: tanto com fundos próprios dos empreendedores como com a contribuição de conhecimento, tempo e dedicação ao projeto empresarial quando ainda não existem benefícios.
- Family, friends and fools: aquelas pessoas do círculo próximo dos empreendedores dispostas a contribuir con pequenas quantidades de dinheiro para desenvolver a ideia de negócio.
- Business Angels: geralmente investidores individuais com experiência que injetam capital ao negócio emergente.
- Aceleradoras para empreendedores: organizações especializadas que através de concursos, prémios e instalações, podem contribuir tanto com capital como com consultoria nas primeiras etapas de um projeto emprendedor.
Os instrumentos de financiamento mais comuns para start-ups na etapa de capital semente orientam-se para o desenvolvimento do produto no lançamento e sobrevivência no mercado, ajudando a superar o conhecido “vale da morte” e ampliando as opções de financiamento para:
- Capital risco: através de sociedades, fundos e investidores profissionais.
- Crowdfunding: com modalidades como equity crowdfunding onde investidores contribuem com capital em troca de uma participação nas start-ups.
- Rodadas de financiamento para levantar capital: costumam ser de diferentes tipos em função do capital que se pretende conseguir.
- Subsídios, empréstimos e apoio ao emprendedor: com uma oferta exponencial de oportunidades, tanto públicas como privadas.
- Sociedades de garantia recíproca para aceder a empréstimos em melhores condições.
- Empréstimos participativos, orientados a financiar a longo prazo investimentos materiais e inmateriales da empresa, podendo-se converter depois em capital próprio.
- Autofinanciamento: relativo aos fundos que se vão gerando com o transcurso da actividade empresarial da start-up.
A inteligência tecnológica constitui também uma ferramenta indispensável para a localização de fontes e oportunidades de financiamento na criação de empresas tecnológicas. No #MoocVT se encontra exemplos de este casos.
Mais informação: Startup investment guide